Porque é tão grande a ambição dos grandes que, se não sofrer oposição por várias vias e de vários modos numa cidade, logo a levará à ruína.
(Maquiavel, Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio, citado na Revista Filosofia, nº 33, pág. 32)
Um povo cheio de virtù [virtude cívica], não se deixa governar por tiranos; um povo corrompido, por sua vez, não consegue reconhecer os benefícios de uma cidade livre.
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Só a virtù do povo, ou seja, só a participação de todos na vida política da cidade, tendo em vista o bem comum e a preservação da liberdade de todos, é que pode manter a cidade a salvo de sua apropriação por interesses privados. A corrupção, entendida como a falta de capacidade de se dedicar energia ao bem comum, priorizando interesses privados em detrimento de interesses da coletividade, tem sua origem, segundo Maquiavel, na desigualdade existente na cidade.
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Bem ou mal resolvida, a virtude cívica é, certamente, um dos componentes que compõem a noção de liberdadeEster Gammardella Rizzi, Maquiavel, a virtù e a garantia da liberdade, Revista Filosofia)