Bananas e livros

Tudo começou assim. Um torcedor espanhol jogou um banana no campo para “chamar” um jogador de macaco. A vítima de racismo, um brasileiro, teve incrível presença de espírito e comeu a banana.
Logo depois, outro jogador postou foto sua comendo uma banana e a bananice da campanha “somos todos macacos” virou viral nas redes sociais. Famosos, não famosos, todo mundo passou a comer banana.
Mas a “espontaneidade” da campanha estava com os dias contados. Logo se ficou sabendo que a tal hashtag havia sido criada e arquitetada por uma agência de propaganda e marketing. Como se tivesse infectada por um fungo mortal, a bananeira murchou e a campanha sumiu.
No meio desta bananada, recebi no Facebook:
livro_futebol

Estou na campanha!! Vejam quais livros estou selecionando.

Minha lista começa, obviamente, com o livro A origem das espécies, de Charles Darwin, para não deixar dúvidas que somos mesmo todos primatas. [não somos macacos! foi um erro grosseiro da agência de propaganda e de quem mais aderiu ao viral; entendo como metáfora,  usada como sinônimo de primata, mas não deixa de ser um erro científico].

A lista continua:
O macaco nu, Desmond Morris
A origem da espécie humana, Richard Leakey
A evolução da humanidade, Richard Leakey
O gene egoísta, Richard Dawkins
A grande história da evolução, Richard Dawkins

Na outra bolsa, vou levar o livro básico, que explica a necessidade de aparecer, mostrar-se, mesmo que seja pagando uma agência de propaganda para pensar por mim, ou embarcando numa campanha duvidosa:
A sociedade do espetáculo, Guy Debord

Enrolado em folhas de bananeira, levaria este livro apenas pelo título, que é genial frase de Marx e cai como luva, ops, chuteira no caso:
Primeiro como tragédia, depois como farsa, Slavoj Zizek

Já que o assunto é futebol, acho que estes livros teriam algo a acrescentar:
O homem unidimensional, Herbert Marcuse
Copa para quem e para quê? Um olhar sobre os legados dos Mundiais no Brasil, África do Sul e Alemanha. Organizado por Dawid Bartelt e Marilene de Paula, ambos da Fundação Heinrich Böll (clique aqui e leia um artigo sobre este livro).

Para finalizar, não posso esquecer de jogar livros para “quem quer conhecer o Brasil”, país do futebol pátria de chuteiras, blé, blé, blé. Além dos 10 livros indicados pelo Antonio Cândido, acrescento:

Boa ventura, Lucas Figueiredo.

Monarcas perdulários, sonegadores de impostos, aventureiros gananciosos em busca da riqueza fácil. Este era o Brasil que se formou no início, com a corrida do ouro.
Alguma diferença dos dias atuais??

[.]

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