Quando o tsunami varreu a costa nordeste do Japão, em 2011, imagens da tragédia varreram o mundo.
Notei tantas bicicletas mostradas nas fotos e fiz um post sobre o assunto, a força e a resiliência de pessoas e suas bicicletas.
Agora, quando chuva e enxurrada destroem casas e vidas em Xerém e outros locais do Rio de Janeiro, fotos congelam uma tragédia diferente, mas a mesma destruição.
Lá no Japão ou aqui: bicicletas.
Às vezes único veículo disponível, ou que necessita de apenas o mínimo para funcionar. Sem motor, sem gasolina, sem largas vias pavimentadas.
Onde passa uma pessoa, a bicicleta passa.
Outras vezes, abandonada. Arrastada pelas forças.
Que sentimos perpassam as pessoas que perderam tudo, mas conservam a vida?
Neste momentos de tormenta, o ser humano se sente impotente quando se depara com a força dos kami, espíritos da Natureza, com a fúria de Susano’o-no-mikoto. O mar que invade.
Ou com as consequências de suas próprias contigências e escolhas.
O homem que invade.
A vingança do curupira.
Nós próprios estamos indo contra a Natureza – e por isto, contra nós mesmos.
Entre decidir o que é pior, o grilhão que os deuses colocam em nós ou este que nós próprios nos prendemos?
A bicicleta é uma extensão do corpo e segue sempre junto, quaisquer que sejam nossas escolhas.
Nos momentos de alegria ou devastação. Júbilo ou desgraça.
É muito mais que um veículo. É ferramenta. Do dicionário: dispositivo que fornece uma vantagem mecânica ou mental para facilitar a realização de tarefas diversas.
Mais do que levar de um lugar a outro, ajuda a construir e reconstruir o mundo. E vidas.
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As imagens foram tiradas das seguintes galerias de fotos:
Terra
Uol
Veja
Jornal do Brasil
G1
Clique em cada uma das fotos para abrir a respectiva galeria.
When the tsunami swept the northeastern coast of Japan, in 2011, images of the tragedy swept the world.
I noticed so many bicycles in photos so I wrote a post about it, the strength and resilience of people and their bikes.
Now, when rain and flood destroys homes and lives in Xerém and other places in Rio de Janeiro, some images capture a different tragedy, but the same destruction.
Over there in Japan or here: bicycles.
In such tragedies, bicycle is the only vehicle available because it requires only minimal to operate. No motor, no gas, no wide paved roads.
Where a person could walk, the bicycle goes also.
But in a run of despair bicycles could be abandoned. Dragged by forces.
What kind of feeling pervades people who have lost everything, but retain life?
In times of storm, humans feel helpless faced with the power of the kami, nature spirits, with the fury of Susano’o-no-mikoto. The sea invades.
Or the consequences of their own choices and contingencies.
The man who invades.
Revenge of the Curupira, a Brazilian spirit of the forests.
We ourselves are going against Nature – and therefore, against ourselves.
Which is worse, fetters that gods put in us or which we attached to ourselves?
The bicycle is an extension of the body and goes always together with us, whatever our choices.
In moments of joy or devastation.
It is much more than a vehicle. It’s a tool (from dictionary: a device that provides a mechanical or mental advantage to facilitate the completion of various tasks).
Rather than take from one place to another, bicycles helps build world and rebuild lifes.
Resolveu fazer uma versão em inglês dos textos? Nice!
Perfeito. As imagens mostram tudo, basta querer ver e enxergar. A bicicleta pode ser também o melhor amigo do homem, pode ser a fiel companheira.
Só a bicicleta salva. Até parece somente uma frase de efeito mas, a magrela é o meio de locomoção mais eficiente em certas situações. Situações estas cada dia mais frequente nesses dias de mundo cão, Parabéns pela materia, faz pensar.